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A última palavra

Autor

Hanif Kureishi

Editora

Companhia das Letras

Tradução

Rubens Figueiredo

Intelecto juntamente com libido para dar vida à obra

“ ... Afinal, falou: "Por mais que me sinta em êxtase ao ouvir as opiniões de Marion lá do outro lado da lagoa que é este nosso oceano, não faço a menor ideia do que você está falando. Gostaria que você não ficasse tentando me descansar como se eu fosse uma cebola. Sabe, a exemplo do público em geral, tenho certa paixão pela ignorância. Quero trabalhar no escuro – é o melhor lugar para mim, e para qualquer artista. Simplesmente aparece, compacto, como num sonho". Ficou em silêncio, depois disse: “Não há como negar que Marion acendeu em mim uma centelha que me levou a uma nova criatividade. O intelecto e a libido devem estar ligados, do contrário não existe vida na obra. Qualquer artista precisa trabalhar com sua pica ou com sua boceta. Qualquer pessoa precisa trabalhar com seu desejo, vencer o tédio, a fim de manter tudo vivo. Qualquer coisa boa precisa ser um pouco pornográfica, ou mesmo pervertida".

Harry disse: "No entanto, o biógrafo vê as coisas inevitáveis, os mesmos cenários sexuais paradigmáticos reconstituídos repetidamente. Tratando-se de sexo e amor, o passado escreve o futuro. Essa seria a história da vida de todo mundo. Canibais não se tornam adoradores de pés".

"Harry, você sabe mais do que eu mesmo sobre minhas múltiplas personalidades. Você está no ramo das recordações, ao passo que eu estou no jogo do esquecimento, e esquecer é o mais adorável deleite físico que existe, um banho morno e perfumado para a alma. Sigo Chuang Tzu, o santo padroeiro da demência, que recomendava: Sente-se e esqueça."

"Obrigado por me contar."

"Talvez minha esposa tenha contratado você para promover o pequeno exercício de memória de que necessito. Devo dizer que gosto, particularmente, quando você recorda coisas que jamais aconteceram. Agora você está construindo uma vida imaginária."

"Como?"

"Minha vida, como a vivi, foi um filme dos irmãos Marx, uma série de desvios, equívocos, mal-entendidos, oportunidades perdidas, atrasos, erros e cagadas. Sou um homem que nunca encontrou seu guarda-chuva. Sua vida, espero que seja semelhante. Sua postulação de uma seta teleológica confere sentido e intenção em demasia. Contudo a ideia de me tornar ficção tem um apelo real. Para minha surpresa, você talvez possua os requisitos de um artista."”

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Hanif Kureishi

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