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Hippie

Autor

Paulo Coelho

Editora

Paralela

Tradução

Mudar tudo menos a si mesmo

“... O destino de Karla, em teoria, não estava em nenhum guia turístico.
Desceu até a beira do estreito de Bósforo e ficou contemplando a ponte vermelha
que separava a Europa da Ásia. Uma ponte! Ligando dois continentes tão distintos e
tão distantes um do outro! Fumou dois, três cigarros, abaixou um pouco as alças da
blusa discreta que estava usando, tomou um pouco de sol até ser abordada por
dois ou três homens, que vieram puxar conversa — e logo foi obrigada a levantar
de novo as mangas e mudar de lugar.
Desde que a viagem se tornara monótona para todos, Karla passou a
enfrentar a si mesma e sua pergunta preferida: Por que quero ir até o Nepal?
Nunca fui de acreditar muito nessas coisas, minha educação luterana é mais forte
que incensos, mantras, posturas para sentar, contemplação, livros sagrados e
seitas esotéricas. Não queria ir ao Nepal para descobrir respostas para isso — ela já
as tinha e estava farta de sempre precisar demonstrar sua fortaleza, sua coragem,
sua agressividade constante, sua competitividade incontrolável. Tudo que fizera
durante a vida fora superar os outros, e jamais fora capaz de superar a si mesma.
Acostumara-se a ser quem era, embora fosse muito jovem para isso.
Queria que tudo mudasse, e era incapaz de mudar a si mesma.
Gostaria de dizer ao brasileiro muito mais do que havia falado, fazer com
que ele acreditasse que estava se tornando cada vez mais uma pessoa importante
em sua vida. Teve um prazer mórbido ao saber que Paulo saíra sentindo-se culpado
pela péssima relação sexual que tiveram na noite anterior e não fez absolutamente
nada para demonstrar o contrário, dizer “meu amor (meu amor!), não se preocupe,
a primeira vez é sempre assim, iremos nos descobrindo pouco a pouco”. Mas as
circunstâncias não permitiam que se aproximasse mais nem dele, nem de ninguém.
Fosse porque não tinha muita paciência com as pessoas, fosse porque os outros
também não colaboravam muito, não tentavam aceitá-la como ela era — a primeira
coisa que faziam era afastar-se, incapazes de um pouco de esforço para quebrar a
parede de gelo atrás da qual se escondia. “

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