menu

Veja na Amazon

História bizarra da literatura brasileira

Autor

Marcel Verrumo

Editora

Planeta

Tradução

Modo de fazer política fazendo literatura, e de fazer literatura fazendo política

“ ... O valor histórico desse livro está em descrições como essa. Pela primeira vez, um escravo trazido ao Brasil contou com suas próprias palavras o que sofrera na travessia do Atlântico. Pode-se dizer que a prosa de Baquaqua é a concretização de um poema como "Navio negreiro", de Castro Alves. Seu texto é o testemunho de sua própria dor. O historiador Bruno Véras foi preciso ao avaliar o papel desse relato para a história do Brasil:

Relatos biográficos e autobiográficos como o de Baquaqua permitiam ao público se identificar com quem contava a história. Mais do que um número dentro de uma estrutura de trabalho compulsório, quem estava do outro lado do papel eram outras pessoas, com um rosto, um nome, uma experiência de vida. Isso permitia pensar a dor e os traumas vividos por estes homens e mulheres. "Viver" de alguma forma essas experiências da escravidão, mesmo que apenas pelos livros, possibilitava o repensar e a mudança de atitudes em relação ao sistema escravocrata.

O livro continua com o escravo contando o que viveu em território brasileiro – um relato cruel, que encontra correspondência em textos de outros escritores abolicionistas.

O desfecho dessa história, uma luta pela liberdade que culminou com a publicação da autobiografia, não sera revelado, para não estragar a surpresa de quem for ler o livro. Por ora, basta dizer que, tão importantes quanto o discurso de escritores abolicionistas como Castro Alves, os depoimentos de escravos como Baquaqua também se destacam na luta pela abolição da escravatura. No fim, Baquaqua fez política fazendo literatura, e literatura fazendo política.

Que aqueles "indivíduos humanitários" que são a favor da escravidão se coloquem no lugar do escravo no porão barulhento de um navio negreiro, apenas por uma viagem da África à América, sem sequer experimentar mais que isso dos horrores da escravidão: senão saírem abolicionistas convictos, então não tenho mais nada a dizer a favor da abolição.”

O cérebro amolecido de tanta masturbação

“ ... Raul Pompeia apoiou Floriano Peixoto e se opunha aos intelectuais que eram contra o governo florianista. Uma de suas principais desavenças era com o escritor parnasiano Olavo Bilac, que saiu a público criticando Pompeia e fazendo duras acusações pessoais. Em artigo no jornal O Combate, Bilac defendeu que Pompeia permanecia ao lado de Floriano porque seu cérebro estava amolecendo devido ao tempo que o escritor passava se masturbando:

Talvez seja amolecimento cerebral, pois que Raul Pompeia masturba-se e gosta de, altas horas da noite, numa cama fresca, à meia luz de veilleuse mortiça, recordar, amoroso e sensual, todas as beldades que viu lume o seu dia, contando em seguida as tábuas do teto onde elas vaporosamente vasam.

Pompeia era solteiro, vivia com a mãe não costumava aparecer em público acompanhado de mulheres, Em uma sociedade machista como a da época, era o perfil ideal para ser acusado de gay, esquisito ou onanista. Mas o escritor não deixou barato. Também foi à imprensa e escreveu que tinha desafetos com homens imorais, que levavam uma vida incestuosa. A provocação era um ataque a Bilac, que já havia declarado não querer filhos por já ter sobrinho. As farpas pioraram ainda mais a situação, e o parnasiano passou a atacar Raul e a afastá-lo dos principais círculos literários do período, tornando-o um homem cada vez mais isolado.”

Mais de

Marcel Verrumo

Autor

Marcel Verrumo

Editora

Planeta

Tradução

citoliteratos

Idealizado por Afonso Machado - Todos os direitos reservados

Design e mentoria por Victor Luna

citoliteratos

Idealizado por Afonso Machado - Todos os direitos reservados

Design e mentoria por Victor Luna

citoliteratos

Idealizado por Afonso Machado - Todos os direitos reservados

Design e mentoria por Victor Luna