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O apanhador no campo de centeio

Autor

J. D. Salinger

Editora

Editora do Autor

Tradução

Alvaro de Alencar, Antônio Rocha, Jório Dauster

Alguém com quem contar quando bate o desespero

“ ... O Professor Antolini ficou uns dois minutos em silêncio. Levantou-se, apanhou outro pedaço de gelo, deixou cair no copo e aí sentou de novo. Via-se que ele estava pensando. Fiquei torcendo para que ele deixasse a conversa para outro dia, em vez de continuar naquela hora, mas ele estava embalado. Em geral as pessoas se esquentam numa discussão na hora que a gente está mais frio.

— Está bem. Agora, escuta aqui um momento... Pode ser que eu não consiga expressar isso tão bem quanto eu gostaria, mas escrevo uma carta para você amanhã ou depois explicando tudo. Aí você vai entender direitinho. De qualquer maneira presta atenção agora.

Começou a se concentrar outra vez, e aí disse:

— Esta queda para a qual você está caminhando é um tipo especial de queda, um tipo horrível. O homem que cai não consegue nem mesmo ouvir ou sentir o baque do seu corpo no fundo. Apenas cai e cai. A coisa toda se aplica aos homens que, num momento ou outro de suas vidas, procuram alguma coisa que seu próprio meio não lhes podia proporcionar. Ou que pensavam que seu próprio meio não lhes poderia proporcionar. Por isso, abandonam a busca. Abandonam a busca antes mesmo de começá-la de verdade. Tá me entendendo?

— Sim, senhor.

— Está mesmo?

— Estou sim.

Levantou-se e despejou mais um pouco de bebida no copo. Aí se sentou de novo. Ficou um bocado de tempo sem dizer nada.

— Não quero te assustar — ele disse — mas vejo você, com toda a clareza, morrendo nobremente, de uma forma ou de outra por uma causa qualquer absolutamente indigna.

Me olhou de um jeito engraçado.

— Se eu escrever umas palavras para você, promete que vai ler cuidadosamente? E guardar?

— Prometo, sim — respondi. E era verdade. Até hoje guardo o papel que ele me deu.

Foi até a escrivaninha, no outro lado da sala, e escreveu alguma coisa num pedaço de papel, sem se sentar. Aí voltou e se sentou, com o papel na mão.

— Por estranho que pareça, isso não foi escrito por um poeta. Foi escrito por um psicanalista chamado Wilhelm Stekel. Aqui está o que ele... Você ainda está me ouvindo?

— Claro que estou.

— Aqui está o que ele disse: "A característica do homem imaturo é aspirar a morrer nobremente por uma causa, enquanto a característica do homem maduro é querer viver humildemente por uma causa".

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