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O corpo crítico

Autor

Michel Maffesoli

Editora

Estação Liberdade

Tradução

Do efêmero

“... Preciso sair desse limbo dos pré-mortos para onde vou sendo empurrado, o que vai me matar não é a doença, é a rede que está se fechando em volta de mim, os doentes da sala de espera, os conselhos amigos, os corredores dos serviços públicos, o médico de quem desconfio e que não dá a mínima para a ligeira dor de cabeça que sinto de uns dias para cá. Talvez seja o efeito da medicação, se continuar, volte. Voltar, de novo a espera, a sala de espera, as enfermeiras que conversam sobre o par de meias que uma delas comprou de um vendedor que circula pelas repartições públicas, enquanto a outra me tira sangue sem me olhar. Que não sorria se não quiser, mas, porra, olhar para mim… Que enfie a meia na cabeça. O que se cria ao meu redor não tem forma, é gosmento e não tem nome. E abafa. 36,6. 36,7. 36,8, a temperatura se eleva. Cada dia um pouco mais. O médico diz que não é febre. É, porque sinto. Acima de 36,5 já estou febril. Mas febre é só a partir de 37, insiste o médico. Um amigo pensa que uma infecção está tentando se instalar e meu corpo está começando a se defender, talvez não consiga. Tomar a temperatura vira uma mania, como abrir a boca à caça de placas brancas, apalpar o pescoço, as axilas, as virilhas em busca de gânglios ameaçadores.

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Michel Maffesoli

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Idealizado por Afonso Machado - Todos os direitos reservados

Design e mentoria por Victor Luna

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