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Roth libertado

Autor

Claudia Roth Pierpont

Editora

Companhia das Letras

Tradução

Carlos Afonso Malferrari

Ficção e realidade quando se confundem para o bem e para o mal

“ ... A causa de toda a ira rabínica foi um conto publicado no The New Yorker em março de 1959, intitulado “O defensor da fé”. Mais do que os outros contos de Roth, este era bastante realista e psicologicamente complexo. (Roth hoje afirma que foi "a primeira coisa boa que escrevi".) Ambientada num acampamento militar no Missouri durante os meses finais da Segunda Guerra, a história acompanha o progresso moral e emocional de um sargento judeu justo e imparcial – um herói de guerra que acabara de retornar da zona de combate, entorpecido por toda a destruição que presenciara – que é continuamente adulado por um recruta judeu para que lhe conceda favores por conta do vínculo religioso entre ambos. As exigências da solidariedade judaica sempre foram incômodas para os altivos heróis americanos de Roth (o estudante de hebraico em "A conversão dos judeus" começa a se meter em apuros quando pergunta ao rabino como ele podia "dizer que os judeus eram ‘o Povo Eleito’ se a Declaração de Independência afirmava que todos os homens são criados iguais"). "O defensor da fé" trata diretamente desse conflito de lealdades: o jovem soldado vigarista quase consegue evitar que o mandem para o front, mas acaba sendo punido pelo sargento – que, apesar do afeto que nutre pelo jovem e das lembranças familiares que ele despertou, aprova sua transferência, obrigando-o a encarar os mesmos perigos que qualquer outro homem. No final do conto, quando os dois se confrontam ("O seu antissemitismo não tem limite!", grita o jovem enfurecido), o sargento explica que tem de cuidar do bem-estar não de um ou outro povo, mas de "todos nós. Esta é a fé que ele defende inequivocamente, sem, contudo, perder de vista a fé da qual teve de abrir mão em nome da outra.

Foi o modo como Roth retratou o sorrateiro e dissimulado soldado judeu de dezenove anos que provocou toda a celeuma. Nem as conclusões do autor, nem a inteligência controladora do sargento, nem, certamente, as qualidades literárias do conto impressionaram aqueles que se indignaram com a mera sugestão de tal pessoa pudesse existir. Entretanto, o aspecto mais incendiário do conto foi a sua publicação na The New Yorker. Trabalhos anteriores de Roth já tinham aparecido em periódicos de prestígio, mas pouco lidos, como a recém-lançada Paris Review e a Commentary, lida quase só por judeus e fundada pelo American Jewish Committee depois da guerra. Na verdade, "o seu conto – em hebraico – em uma revista ou jornal israelense", escreveu o censório rabino a Roth, “teria sido julgado exclusivamente do ponto de vista literário”. Aqui, porém, nos Estados Unidos, em uma revista tão estimada pela sociedade gentia, os melhores esforços de Roth eram nada mais, nada menos que atos de um "informante".”

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