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Sobre a escrita – A arte em memórias
Autor
Stephen King
Editora
Suma
Tradução
Michel Teixeira
Se a musa não é mulher mas um sujeito-musa, pouco importa. É sentar o rabo e trabalhar
“ ... O que segue e tudo que sei sobre como escrever boa ficção. Serei o mais breve possível, porque seu tempo é valioso e o meu também, e ambos entendemos que as horas gastas falando sobre a escrita são um tempo em que não estamos escrevendo. Serei tão encorajador quanto possível, porque é da minha natureza e porque amo esse trabalho. Quero que você o ame também. Se, no entanto, você não quiser sentar o rabo e trabalhar, não há razão em tentar escrever bem – acomode-se na competência e seja grato por poder se apoiar nisso, pelo menos. Existe uma musa (tradicionalmente, as musas são mulheres, mas a minha é um cara. Tenho que conviver com isso, infelizmente), mas ele não vai cair do céu e espalhar pó de pirlimpimpim criativo por sua máquina de escrever ou seu computador. Ele mora no chão. É um cara que fica no porão. Você tem que descer até lá, e precisará mobiliar o apartamento para ele morar. É preciso fazer todo o trabalho braçal, e tudo isso enquanto a musa fuma charuto, admira os troféus que conquistou no boliche e finge ignorar você. Você acha isso justo? Eu acho. Mesmo que o tal sujeito-musa não pareça nada de mais e não seja de conversar muito (o que costumo receber do meu são grunhidos mal-humorados, a menos que ele esteja trabalhando), é dele que vem a inspiração. É justo que você faça todo o trabalho e queime a cachola até altas horas da noite, porque o cara com charuto e as asinhas tem o saco de magias. Tem coisas ali que podem mudar sua vida.
Acredite em mim, eu sei.
Se você quer ser escritor, existem duas coisas a fazer, acima de todas as outras: ler muito e escrever muito. Que eu saiba, não há como fugir dessas duas coisas, não há atalho.”