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Ficções que curam – Psicoterapia e imaginação em Freud, Jung e Adler

Autor

James Hillman

Editora

Verus

Tradução

Gustavo Barcellos, Letícia Capriotti, Andrea Lima, Elizabeth Sandoval

O que quer a alma? Um método para descobrir a resposta

“ ... Minha intenção com esses diálogos não é chegar a uma conclusão geral sobre a alma. Não os estou usando como prova empírica, por exemplo, de que é assim que a alma fala, que a alma sabe o que quer e está infalivelmente certa, ou mesmo que as vozes que considerei falando pela alma sejam a alma. Minha argumentação é meramente que essas são as vozes nas nossas imagens – e como Jung disse que "imagem é psique", então onde mais ouvir o que a alma deseja se não nas imagens que falam intimamente com nossas condições psíquicas? Além disso, essas são as vozes do mundo das trevas, daqueles de baixo, os inferiores que falam sotto voce. Esse mundo inferior é o lugar preeminente da alma, como desenvolvi em The Dream and the Underworld. Os inferiores são os daimones que habitam as regiões baixas – sombra é o termo psicológico; e somos rebaixados, humilhados, envergonhados quando essas figuras expressam suas vontades. Isso, não tanto por instigarem ações obscenas, mas porque nós as escondemos, as tratamos vergonhosamente, as humilhamos por não ouvir, pouco nos importando com as camadas mais baixas de nossa sociedade psíquica.

Dessa maneira, esses diálogos menos demonstram uma hipótese ou mesmo um conjunto de fatos do que apresentam uma forma de terapia, um método, tirado de Jung, de estar ativamente envolvido na atividade de imaginar, especialmente com a imaginação inferior: imagens inferiores e imagens que fazem com que nos comportemos de modo inferior – um método bastante diferente das disciplinas espirituais que se concentram em objetivos e ideias mais altos. Nosso método, além do mais, não interpreta a imagem, mas fala com ela. Não pergunta o que ela significa, mas o que quer. Dessa forma, nossa primeira tentativa com "O que quer a alma?" não nos traz uma resposta substancial, o que a alma quer, mas uma resposta metodológica, como descobrir o que ela quer.

O método da indagação é como escrever ficção. Às vezes é até chamado de "fantasia criativa". O gênero chega mais perto do Bildungsroman: um relato instrutivo dos muitos encontros por meio dos quais o autor é educado - aqui, pela alma. Entretanto, existem diferenças entre escrever ficção e a imaginação ativa, algumas das quais já mencionamos. A diferença que gostaria de enfatizar aqui está relacionada com a intervenção ativa na ficção por parte do próprio interlocutor. Esses diálogos exigem que uma pessoa tome parte ela própria de sua história, o tempo todo tentando fazer o papel principal, a primeira pessoa do singular – “Eu" –, tão próximo do realismo social quanto possível, muito como Carlos Castañeda, por exemplo, manteve sua máscara de realismo social interpretando o entrevistador antropológico em seus diálogos imaginários com "Don Juan". Mesmo se a imaginação levar a história à corte suprema, ao hospital Bedlam, ou ao harém do xeique das Arábias, o Eu deve permanecer seu "verdadeiro eu real", envolvido apaixonadamente e mesmo assim sempre um questionador, uma figura de realidade comum necessária ao da história, como o meticuloso autor-escriba relatando as extraordinárias aventuras de Adrien Leverkühn no Doutor Fausto, de Thomas Mann. A tarefa deste self comum é ser educado (ou curado) ao ir ao encalço de seu destino, do destino de sua alma, persistindo com a questão "O que quer a alma?" ao longo de todas as vicissitudes e desvios que alma cria.”

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James Hillman

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