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O pensamento do coração e a alma do mundo

Autor

James Hillman

Editora

Verus

Tradução

Gustavo Barcellos

A alma do mundo sofre, chama atenção para si, diante da nossa alma, numa seção de psicoterapia

“ ... Portanto, quando algo dá errado na vida, a psicologia profunda ainda olha para a intra e para a intersubjetividade em busca da causa e da terapia. O mundo das coisas públicas, objetivas e físicas – prédios, formulários, colchões, placas de trânsito, embalagens de leite e ônibus – é, por definição, excluído da etiologia da terapia psicológicas. As coisas permanecem fora da alma.

A psicoterapia tem trabalhado com sucesso em sua esfera de realidade psíquica concebida como subjetividade, mas não tem revisto a própria noção de subjetividade. E, agora, mesmo seu sucesso nesse ponto é discutível, já que as queixas dos pacientes evidenciam problemas que não são mais meramente subjetivos, no sentido antigo. Pois, durante todo o tempo em que a psicoterapia teve êxito em aumentar a consciência da subjetividade humana, o mundo no qual todas as subjetividades são estabelecidas se desintegrou. A crise está num lugar diferente – Vietnã e Watergate, poluição e crime nas ruas, a queda no nível de instrução e o aumento de lixo, fraudes e exibições. Agora encontramos a patologia na psique da política e da medicina, na linguagem e no design, no alimento que comemos. A doença está agora “lá fora”.

O uso contemporâneo da palavra "crise" revela o que quero dizer. Usinas nucleares, como Three Mile Island, na Pensilvânia, ou Chernobyl, são simplesmente exemplos vivos de uma crise provavelmente incurável e crônica. O sistema de tráfego, os sistemas educacionais, os tribunais e o sistema de justiça criminal, as gigantescas indústrias, os governos municipais, as finanças e os negócios bancários – todos atravessam crises, sofrem colapsos ou precisam se sustentar contra a ameaça de colapso. Os termos “colapso”, “desordem funcional”, “estagnação”, “baixa produtividade” e “depressão” são igualmente válidos para os seres humanos, para os sistemas públicos objetivos e para as coisas dentro dos sistemas. A crise se estende a todos os componentes da vida urbana, porque esta é agora uma vida construída. Não vivemos mais num mundo biológico onde a decomposição, a fermentação, a metamorfose e o catabolismo são equivalentes ao colapso das coisas construídas. Meu colega e amigo Robert Sardello, de Dallas, escreve:

Um indivíduo apresentava-se para a terapia no século XIX; já no século XX, o paciente em crise é o próprio mundo [...]. Os novos sintomas são fragmentação, especialização, hiperespecialização, depressão, inflação, perda de energia, jargões e violência. Nossos prédios são anoréxicos; nossos negócios, paranoicos; nossa tecnologia, maníaca.

Onde quer que a linguagem da psicopatologia ocorra (crise, esgotamento, colapso), a psique está falando de si mesma em termos patologizados, atestando a si mesma como sujeito do páthos. Assim como o esgotamento aparece em todos esses sintomas da lista de Sardello, o mesmo ocorre com a psique ou a realidade psíquica. O mundo, devido a sua crise, está ingressando num novo momento de consciência: por chamar a atenção para si por meio de seus sintomas, está se tornando consciente de si mesmo como realidade psíquica. O mundo é agora objeto de imenso sofrimento, exibindo sintomas agudos e grosseiros, com os quais se defende contra o colapso. Assim, passa a ser tarefa da psicoterapia e de seus profissionais adotar a linha iniciada primeiramente por Freud: o exame da cultura com um olhar patológico.”

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