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O inventor da solidão
Autor
Paul Auster
Editora
Best Seller
Tradução
Luis Roberto Mendes Conçalves
O que nunca cessa e não se cansa e jamais nos deixa a sós
“... Também é verdade que a memória às vezes lhe chega como uma voz. É uma voz que fala dentro dele, e não é necessariamente a dele mesmo. Fala da maneira como uma voz contaria histórias a uma criança, e no entanto essa voz às vezes zomba dele, ou o repreende, ou o amaldiçoa em termos precisos. Às vezes ela propositadamente distorce a história que lhe está contando, alterando os fatos como melhor lhe parece, servindo mais aos interesses do drama que aos da verdade. Então ele precisa falar com ela com sua própria voz e mandá-la parar, para que assim retorne ao silêncio de onde veio. Outras, ela canta para ele. Em outras ocasiões, ainda, sussurra. E depois há vezes em que ela meramente zumbe, ou balbucia, ou grita de dor. E mesmo quando nada diz, ele sabe que continua ali, e no silêncio dessa voz que nada diz ele espera que ela fale.“