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Recusa do não-lugar

Autor

Juliano Garcia Pessanha

Editora

Ubu Editora

Tradução

A falta de dinheiro que derruba a revolução ontológica

“ ... Após um ano em que apenas um aluno me procurava, as goteiras espalhando-se pela casa, o saldo negativo e o rato que tive de matar para defender o território da cozinha, acordaram-me do delírio e libertaram-me do mantra hipnótico, do estranho relato no qual o desastre humano havia se convertido em privilégio e que preso conhecimento da dor e da ruína me asseguravam um destino promissor. Minha revolução para fora do mundo alienado e esquecido não encontrava nenhum parceiro além de meu próprio terapeuta. De um lado, as pessoas com um “eu” não queriam perdê-lo, de outro, os que estavam enlouquecidos ou desabando em angústias psicóticas queriam ganhar um, mas não transfigurar o vazio e o nada para a visita do ser e do poema. A minha pregação pós-metafísica estava reduzida às moças que serviam café no shopping Eldorado: eu tinha me tornado uma espécie de mestre Eckhart de shopping center. Nesse sentido, bastou uma lufada de falta de dinheiro, essa senha para a acessibilidade aos entes, para que minha revolução ontológica desmoronasse. Simultaneamente, o interesse pelas pessoas do dentro e a pergunta de juventude – qual o envelope que contém os seres humanos? – começava a tomar o lugar do elogio do desassossego. Percebi que eu, o pretenso pastor do ser, possuído pelo lógos profético, não passava de um último homem com medo de perder a acessibilidade, a casa, o edredom antialérgico, o conforto.”

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Juliano Garcia Pessanha

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