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Autor

J. M. Coetzee

Editora

Companhia das Letras

Tradução

José Rubens Siqueira

A arte quando desconsidera a verdade de uma narrativa

“ ... "Então, sentei ao lado do capitão em sua cabine e comi um prato de carne de porco salgada e biscoitos, muito bom depois de um ano de peixe, tomei um copo de Madeira e contei a ele minha história, como contei ao senhor, que ele ouviu com grande atenção. 'É uma história que a senhora devia escrever e oferecer aos livreiros', ele insistiu. ‘Pelo que sei, nunca houve uma náufraga em nosso país. Causará uma grande sensação.’ Sacudi a cabeça, tristemente. ‘Assim como a conto ao senhor, minha história serve bem para passar o tempo', repliquei, ‘mas o pouco que sei sobre escrever livros me diz que seu encanto logo desaparecerá assim que eu a puser, desataviada, em letra de fôrma. A vivacidade que se perde na escrita é compensada pela arte, e eu não tenho arte.' 'Quanto à arte não sei me pronunciar, simples marinheiro que sou', disse o capitão Smith, 'mas pode ter certeza, os livreiros contratarão um homem para arranjar sua história e lhe salpicar um pouquinho de cor aqui e ali.’ ‘Não vou querer que digam nenhuma mentira', falei. O capitão sorriu. 'Ai não posso falar por eles', disse, ‘o negócio deles está nos livros, não na verdade.' 'Eu preferiria ser o autor de minha própria história a ter mentiras contadas a meu respeito', insistir. 'Se não puder me apresentar como autor e jurar pela verdade de minha narrativa, que valor haverá nela? Poderia muito bem ter sonhado tudo numa cama confortável em Chichester.”

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