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Hamlet ou Amleto?
Autor
Rodrigo Lacerda
Editora
Zahar
Tradução
Hamlet Jr. começa a aceitar as frustrações, pequenez e infalibilidade humanas diante das forças do mundo
“ ... Pela primeira vez você demonstra equilíbrio em relação aos fatos, bons ou maus, uma aceitação das forças superiores que regem os acontecimentos:
"Eu tinha no coração, meu amigo, uma luta
Que não me deixava dormir. Eu via a mim
Mais decaído que os escravos nas galés. Por impulso,
E que a impulsividade seja louvada, eu digo,
Pois nossa precipitação nos ajuda bastante,
Quando falham os planos intrincados. Isso nos deveria ensinar
Que há uma divindade a reger nossos destinos,
Pouco importando o que fazemos..."
Essa “divindade” pode ser tomada ao pé da letra, o Deus católico da Dinamarca do século Xl. Ou pode ser simplesmente a natureza imprevisível e movediça das coisas e das criaturas, goste-se dela ou não. O homem, para você, agora não é mais um fenômeno de inteligência e engenho, tampouco uma criatura corrompida e imprestável, é apenas um ser humilde diante das forças do mundo, em busca da dignidade possível enquanto as enfrenta. O lance de modéstia quando você, certa vez, disse que seu pai era "um homem e, pesando virtudes e defeitos, jamais verei alguém igual a ele", esse entendimento das limitações dos nossos potenciais, dos nossos desejos diante do mundo, de nossas intransferíveis especificidades, soa agora muito mais sincero em sua boca. Você compreendeu que os homens não são o que pensam; suas potencialidades estão muito longe de serem infinitas. Eles lidam com a vida, com seu meio, e apenas os mais fortes enfrentam os dramas da vida e da morte, mas o tempo e os acidentes do destino frustram tanto a razão quanto a emoção humanas, e devemos aprender a aceitar o fato.
Horácio concorda com você:
"Isso é certo."”