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Francisco de Assis

Autor

Hermann Hesse

Editora

Record

Tradução

Kristina Michahelles

A poderosa e doce linguagem do paraíso

“ … Rejuvenescer diariamente na vida da natureza e haurir energias da terra é uma arte magnífica e maravilhosa que se encontra apenas em poetas e verdadeiros santos, e ele sempre a praticou com incomparável maestria. Como uma criança e como um sábio, ele falava com as flores, a relva, as águas e inúmeros animais, entoava cânticos em louvor a eles, amava-os e consolava-os, alegrava-se com eles e participava de sua vida inocente. Apenas ao diletos de Deus é concedido que a mente e o coração na envelheçam e se mantenham a vida inteira com o fresco e a gratidão de crianças. A bondade verdadeira e pura do coração é como um segredo mágico de Salomão, que revela aos homens a linguagem dos animais e a essência íntima de plantas, árvores, pedras e montanhas, de ta forma que a múltipla criação se abre diante de seus olhos como uma unidade completa, sem abismos e reinos de sombra ocultos e hostis. Sendo um eleito de Deus, Francisco compreendia a beleza da Terra como raras vezes outro poeta a compreendera, amava cada criatura, pequena ou grande, e elas o amavam e lhe davam respostas. Quando se cansava de falar com pessoas, ia aos campos, às matas e aos vales e ouvia nas fontes, nos ventos e no canto dos pássaros a poderosa e doce linguagem do Paraíso. Sabia muito bem que não havia nada sobre a Terra que não tivesse alma, e ia ao encontro de cada alma, mesmo a da relva e das pedras, com fraternal respeito e amor.



Francisco não era, de forma alguma, um penitente triste nem misantropo. Gostava de palavras espirituosas, de alegria e animação e, mesmo nos dias de maior sofrimento, jamais se amuou com ninguém.



Quando se soube em Assis que ele conseguira o consentimento do papa para pregar, o povo foi tomado de imenso desejo de ouvi-lo, e ele teve de falar na catedral (pois as outras igrejas eram demasiado pequenas). Assim, o poder de seu ardor arrastou a grande multidão como um vento de tempestade. Naquele tempo, estava novamente em curso um forte conflito entre o povo miserável e os aristocratas e senhores de Assis. As palavras e o exemplo de Francisco tiveram um efeito tão poderoso, e já era tão grande o número de seus seguidores leais, que se decidiu designá-lo como árbitro entre os partidos em luta. Toda a cidade obedeceu voluntariamente a seu veredicto clemente, com o qual ele pacificou os inimigos e conseguiu vantagens para pobres. Entre a aristocracia e o povo foram firmados e cumpridos lealmente um acordo e uma aliança. Muitos exilados regressaram, e a cidade foi tomada por gratidão e alegria. Cada vez mais gente se juntava aos companheiros de Francisco. Ele chamou sua irmandade de Ordem dos Frades Menores ou dos Minoritas. O povo o amava e o venerava cada vez mais, e muitos já naquele tempo o chamavam de santo. ”

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